quinta-feira, 7 de julho de 2011

RESENHA | Tempo de Matar (John Grisham)


Título no Brasil: Tempo de Matar
Título Original: A Time to Kill (1989) 
Autor: John Grisham
Edição:
Tradutor: Aulyde Soares Rodrigues
ISBN: 8532504434
Editora: Rocco
Número de Páginas: 574

Estante do Skoob


Versão Cinematográfica: 'A Time To Kill', 1996 - Warner Bros. - Sandra Bullock, Samuel L Jackson, Mathew McConaughey, Ashlee Jud and Kevin Spacey.


TRAILER


SINOPSE: Pena de morte. Até que ponto se é contra? Até que ponto se é a favor? Se dois drogados estupram, torturam e tentam matar uma menina de 10 anos, qual a pena que deveriam ter? E se um pai, chocado com todas estas barbaridades cometidas contra a filha, resolve fazer justiça com as próprias mãos, o que ele merece? Pelas leis do Mississípi, Estados Unidos, 20 anos de prisão para os primeiros e a cadeira elétrica para o segundo. Tentando reverter este paradoxo legal, o advogado Jack Brigance enfrenta mais um problema para defender seu cliente, Carl Hailey, preso depois de matar os dois estupradores: o racismo. A opinião pública fica dividida entre os que apóiam a atitude de Hailey e os que não admitem que um negro acabe com um branco. A Ku-klux-klan resolve comprar a briga. Os jurados e o juiz são ameçados. O advogado de defesa tem sua casa incendiada, o marido de sua secretária é espancado e morre, sua estagiária sofre um atentado e seu segurança fica paralítico por causa de um tiro destinado a ele. E, pior, todos dizem que a causa é perdida.
SOBRE O LIVRO: 'Tempo de Matar’ foi o primeiro livro escrito por John Grisham (e cabe dizer que foi rejeitado por inúmeras editoras antes de ser publicado pela Wynwood Press). Só chamou realmente a atenção dos leitores após a publicação de ‘A Firma’ e de ‘O Dossiê Pelicano’ (ambos com versões cinematográficas), best-sellers consagrados na literatura do gênero. O livro foi republicado e ganhou também uma versão nas telas dos cinemas. Abaixo você pode assistir o trailer. A inspiração para o livro conforme conta o autor em uma nota, veio de um certo julgamento que o mesmo assistiu. Um terrível julgamento no qual uma menina testemunhava contra o homem que a havia violentado brutalmente. O impacto de tudo naquele momento o fez pensar o que faria se fosse a filha dele. A revolta, a indignação e o ódio eram parte daquele conglomerado de sentimentos que se resumiam no desejo de vingança. A pergunta que se fazia era: o que teria acontecido se o pai da menina assassinasse seus agressores?
MINHA LEITURA DO LIVRO:
Em Clanton, Mississipi, Tonya era uma doce menina negra de 10 anos e tinha ido ao armazém a pedido de sua mãe Gwen Hayle. Na volta para casa, a pequena Tonya é raptada e violentamente estuprada e espancada por dois homens brancos racistas, sendo largada no meio da estrada à beira da morte.
Carl Lee Hayle teve a sua visão do inferno, ao abrir a porta de casa e encontrar um grupo de pessoas em volta de alguém deitado no sofá. Coberta com toalhas e rodeada por parentes que choravam, ali estava sua única menina: Tonya. O sorriso de uma criança alegre agora se transformara em uma massa disforme e sangrenta, cheia de lacerações. Assim começa algo que mudaria mais uma vez a história do Condado de Ford.
Os estupradores logo são identificados, presos e levados ao tribunal para os procedimentos que dariam início ao julgamento. Apesar das provas irrefutáveis, apesar de um dos acusados ter admitido a participação na atrocidade...para Carl Lee, a idéia de existir uma possibilidade de absolvição era inaceitável. Numa cidade tradicionalista, onde a segregação racial ainda se mostrava presente, até onde um júri seria capaz de condenar dois jovens brancos por estuprar e brutalizar uma criança negra?
No final da audiência que indicia Willard e Cobb, Carl Lee num premeditado plano, surge na saída dos acusados e os assassina, acertando ocasionalmente o guarda que se encarregava da custódia de ambos. E lá estão: mortos. Com pedaços espalhados pelas escadas e entranhas se misturando numa lamacenta poça de sangue e órgãos estavam os dois algozes de sua pequena Tonya.
A trama vai acompanhar o resultado desse evento. Um homem negro, que assassina dois homens brancos acusados de estuprar e destruir a vida de sua filha. Como a população de um estado ainda extremamente racista, conseguiria lidar com isso?
 
O que poderia se tornar uma simples absolvição caso fosse um homem branco a se vingar de um estuprador negro, se torna uma guerra de proporções assustadoras devido às questões raciais.
Na defesa, encontramos Jake Brigance que sabe das grandes chances que seu cliente tem de ser condenado à câmara de gás. Pela promotoria, Rufus Buckley, que planeja fazer desse caso o seu trampolim para outro cargo político. As ameaças a todos os envolvidos se intensificam e não há qualquer pessoa envolvida direta ou indiretamente que possa estar a salvo.
É um livro assustadoramente interessante. Em certo ponto, quando alcançamos o ponto de ebulição do julgamento, temos os membros da Ku Klux Klan agindo abertamente, saindo em passeatas, confrontos ‘pacificamente’ tensos com os negros de todos os cantos do país que vão à Clanton para apoiar Carl Lee e pedir sua absolvição.
A leitura é intensa, chocante e alguns momentos a impressão que temos é que não é possível que existissem situações como àquela acontecendo no mundo. Pessoas agindo irracionalmente diante do ódio racial, chegando a apoiar o estupro por se tratar de uma vítima negra. A temática é pesada e altamente polêmica, mas tornou-se uma obra prima nas mãos de John Grisham.
 
“Mandou que imaginassem que a menina tinha cabelos loiros e olhos azuis, que os dois estupradores eram negros, que eles amarraram o pé esquerdo dela numa cerca e o direito numa árvore. Que a surraram repetidamente e xingaram porque ela era branca (...), que imaginassem que a garotinha pertencia a eles, era sua filha”
E você como jurado? Cederia às pressões da KKK e assumiria que o estupro não justifica o assassinato dos dois homens brancos? Ou acreditaria que um homem assombrado pelo estupro de sua pequena filha de 10 anos pode perder a sanidade?
Numa observação à parte alguns personagens voltarão a aparecer em outros livros do autor, como é o caso de Harry Rex Vonner and Lucien Wilbanks (que aparecem em
 'O Último Jurado'). 
"Willard perguntou se Cobb achava que ela estava morta. Abrindo outra lata, Cobb explicou que não estava porque geralmente não era possível matar um crioulo com pontapés, pancadas ou estupro. Era preciso mais para se acabar com eles, uma faca, um revólver ou uma corda."

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